A
Tecno-ciência
A tecno-ciência
constitui-se como uma espécie de nova escatologia, na esperança
de que todas as inquietações da humanidade se resolvam com recurso
às suas realizações. A realidade virtual resolve o deficit de
experiência humana em Estranhos
Prazeres;
a genética resolve a doença física e mental em Gattaca;
a criogenia e a clonagem resolvem a morte em O
Herói do Ano 2000
e em Inteligência
Artificial, sendo
muito bem explorado em Aeon
Flux e
em A
Ilha. O
imaginário do nosso tempo é sem dúvida trágico, mas há ainda
quem arrisque animá-lo com uma tímida esperança. Exorcizando
velhos medos em novos cenários.
Ao mesmo tempo em que se
constitui como nova forma de escatologia, a tecno-ciência aparece
neste imaginário como uma terrível ameaça ao agir humano. Uma
dessas ameaças é a perda de controlo sobre as realizações da
tecnologia, como é subentendido em Matrix.
Já em Metropolis
se encontrava este medo com avarias simultâneas causadas por uma má
manipulação de máquinas que, produzindo fogo e fumo, precipitam o
apocalipse. Em O Herói
do Ano 2000,
novos engenhos substituem o homem nas suas faculdades de comunicação
e de aconselhamento, bem como na sua atividade sexual. Todos os seres
humanos estão identificados, caracterizados e catalogados num
eficiente dispositivo informático em O
Herói do Ano 2000 e
em Gattaca,
vendo assim a sua liberdade de ação seriamente condicionada. As
experiências virtuais de Estranhos
Prazeres
revelam-se poderosas aliadas da malevolência humana e do crime
premeditado. O Homem perde o controle sobre o cyborg, o seu filho
dileto, em Metropolis,
em Blade
Runner
e em Inteligência
Artificial.
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