terça-feira, 23 de outubro de 2012

Medo do apocalipse perante o imaginário cinematográfico. Parte 05


A Tecno-ciência

A tecno-ciência constitui­-se como uma espécie de nova escatologia, na esperança de que todas as inquietações da humanidade se resolvam com recurso às suas realizações. A realidade virtual resolve o deficit de experiência humana em Estranhos Prazeres; a genética resolve a doença física e mental em Gattaca; a criogenia e a clonagem resolvem a morte em O Herói do Ano 2000 e em Inteligência Artificial, sendo muito bem explorado em Aeon Flux e em A Ilha. O imaginário do nosso tempo é sem dúvida trágico, mas há ainda quem arrisque animá-lo com uma tímida esperança. Exorcizando velhos medos em novos cenários. 
 
Ao mesmo tempo em que se constitui como nova forma de escatologia, a tecno-ciência aparece neste imaginário como uma terrível ameaça ao agir humano. Uma dessas ameaças é a perda de controlo sobre as realizações da tecnologia, como é subentendido em Matrix. Já em Metropolis se encontrava este medo com avarias simultâneas causadas por uma má manipulação de máquinas que, produzindo fogo e fumo, precipitam o apocalipse. Em O Herói do Ano 2000, novos engenhos substituem o homem nas suas faculdades de comunicação e de aconselhamento, bem como na sua atividade sexual. Todos os seres humanos estão identificados, caracterizados e catalogados num eficiente dispositivo informático em O Herói do Ano 2000 e em Gattaca, vendo assim a sua liberdade de ação seriamente condicionada. As experiências virtuais de Estranhos Prazeres revelam­-se poderosas aliadas da malevolência humana e do crime premeditado. O Homem perde o controle sobre o cyborg, o seu filho dileto, em Metropolis, em Blade Runner e em Inteligência Artificial.

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