terça-feira, 24 de março de 2015

Homework ou officecool

Na pandemia do covid19 vimos o homework como uma necessidade e não um luxo. E, com o tempo, algumas pessoas, salva as exceções, viram um sonho de trabalhar em casa se transformar em um pesadelo. Em casa temos crianças e distrações. Temos a cama, a geladeira e ficamos com roupas a vontade. Alguns engordaram, outros reformaram a casa, alguns tiveram crise de ansiedade, outros só tocaram violino na varanda. Será que depende das pessoas teram filhos ou gatos? Algumas pessoas vão me criticar por falar isso, mas gatos não fazem "aula online"... 

Na contramão do homework. Sem pensar na pandemia, a gente via, sem citar nomes, empresas grandea consideradas legais, o que denomino office cool, com ambientes de trabalho que foge do tradicional... empresas que tem fliperamas, lanchonetes, sorvete, sinucas, camas para dormir... o que será que elas pretendem? Será que essa quebra de paradigma era proposital?

 Com certeza alguem vai me falar que essas empresas também incentivam o homework. Ok, ok.
 Mas o que me preocupa, que em ambos os casos a falta de disciplina e o isageiros são prejudiciais ao trabalho.

Como vai ser o mundo pos pandemia?
Fica o pensamento.

JARDINS DOS IMPEACHMENTS QUE SE BIFURCAM

JARDINS DOS IMPEACHMENTS QUE SE BIFURCAM, por Gregório Duvivier

1. Convocam-se novas eleições. Lula se candidata. Ganha. O governo segue corrupto e conservador, mas agora ganhou uma injeção de carisma. Metáforas futebolísticas entretêm povo e imprensa. Em 2018 Lula é reeleito e em 2022 Lula elege Dilma.

Ou 2. Convocam-se novas eleições. Lula não se candidata. Aécio ganha. O governo não dura uma semana: Anastasia, chefe da Casa Civil, está envolvido na Operação Lava Jato, assim como toda a base governista. Convocam-se novas eleições. Lula se candidata. Ganha. Ver futuro 1.

Ou 3. Dilma renuncia. Michel Temer assume. O PMDB agora governa o Brasil sem intermediários. Temer protagoniza a CPI do botox: descobre-se que o preenchimento facial diário do presidente era pago com a verba da saúde. O governo, apesar de mais corrupto do que o anterior, tem a aprovação popular. O povo depôs Dilma. Está feliz. Ao fim do mandato, Temer é eleito para a Academia Brasileira de Letras. E Lula se candidata à presidência. Ver futuro 1.


Ou 4. Dilma renuncia, Michel Temer também. O presidente do Câmara, Eduardo Cunha, é quem assume a presidência e dá um golpe evangélico: muda o nome do país para Estado Cristão Independente, nos EUA é conhecido como CrIsis. A corrupção atinge níveis estratosféricos, mas o povo não tem conhecimento porque os escândalos não passam na Record.


Ou 5: Eduardo Cunha, que tem seu nome citado em 11 de cada dez escândalos de corrupção dos últimos 20 anos, não pode tomar posse. Renan Calheiros assume. Em quatro horas de governo, Renan protagoniza nove escândalos de corrupção e é deposto com a melhor média da história: 2,25 escândalos por hora. Entra para a história como Renan, o breve.


Ou 6. O exército responde aos chamados e dá um golpe de Estado. Na hora em que Bolsonaro vai tomar posse, descobre-se que ele não sabe assinar o nome. Coronel Telhada assume em seu lugar. A Rede Globo afirma que o Brasil finalmente retomou o milagre do crescimento. A seleção canarinho ganha a Copa de 2018. Técnico: Dunga. O povo vai às ruas festejar.


Ou 7. Graças à pressão popular, todos os políticos envolvidos na Lava Jato vão parar na cadeia, assim como os corruptos do setor privado. A pressão faz o Congresso (o que sobrou dele) aprovar uma reforma que proíbe o financiamento privado de campanha. Todos os políticos agora dispõem da mesma verba e do mesmo tempo de televisão, logo os deputados mais esclarecidos vencem as eleições. O voto agora é facultativo, a maconha é legalizada, o aborto é oferecido pelo SUS e as igrejas finalmente passam a pagar impostos. O Brasil parece até primeiro mundo.


(Esse último futuro é um exercício de ficção.)


Gregório Duvivier é ator e escritor, um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.
[Publicado originalmente na Folha de SP de 23/03/2015]

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