Após a catástrofe climática não é mais possível a obtenção de
energia solar, as máquinas, então, utilizam a energia biolétrica humana,
através de tubos ligados aos corpos dos homens aprisionados em casulos.
Os seres humanos vivem adormecidos, enquanto suas mentes
sonham que vivem, nascem, morrem, convivem em família, comem, dançam,
trabalham, estudam etc. Sensações e impressões de uma realidade simulada
através de um programa de computador. O simulacro é a Matrix e o
“sonho” se desenrola no final do século XX em alguma grande metrópole do
planeta. O mundo virtual da Matrix em quase tudo se assemelha ao mundo
em que vivemos na atualidade.
Na ficção de Matrix, o filme
(dirigido pelos irmãos Andy e Larry Wachowski), há um grupo de homens
livres que conhecem e sabem lidar com a tecnologia da máquina, conhecem
toda a verdade e se rebelam contra ela.
Num dado momento do filme o líder dos rebeldes, Morpheus, fala ao
hacker Neo: “– A Matrix é um mundo de sonho cujo propósito é nos
controlar (...) Cada visão e cada cheiro na Matrix são produto do
trabalho humano”.
Como uma obra de arte nos permite a liberdade de ver, proporcionando
um vasto campo de interpretações e leituras, em Matrix podemos
compreender que a humanização da máquina leva à desumanização do homem, à
sua coisificação e reificação levados ao paroxismo.
Momentos antes de delatar seus companheiros de resistência, Cypher
fala ao agente Smith: “– Eu sei que este bife não existe. Eu sei que,
quando coloco a boca, a Matrix diz ao meu cérebro que o bife é suculento
e delicioso. Depois de nove anos, sabe o que percebi? A ignorância é a
felicidade”.
Os humanos e máquinas vivem uma simbiose, e o mundo de sonho para onde Cypher quer voltar não parece tão ruim ao espectador.